
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 800 mil mortes por suicídio ocorrem anualmente no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.
Atento a isso, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso mantém profissionais presentes nas 79 comarcas do Estado, para o cuidado e atendimento do público interno. Ações preventivas que visam o bem-estar, o acolhimento e o tratamento de possíveis casos ligados à ansiedade e a depressão são realizadas e acompanhadas por uma equipe multidisciplinar, capaz de identificar possíveis transtornos emocionais, e agir no atendimento e encaminhamento dos casos.
Para a presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Clarice Claudino da Silva, o apelo trazido pela campanha ‘Setembro Amarelo’, apenas reforça a atitude e o olhar cuidadoso que devemos ter durante o ano todo, com aqueles que estão à nossa volta.

“Aproveito para conclamar a todos do Poder Judiciário de Mato Grosso, para que preenchidos de afetuosidade, possamos nos olhar com os olhos do coração, e que essa onda gigantesca e poderosa de amorosidade possa se estender sobre nossos familiares, nossos amigos e até mesmo sobre aquelas relações que parecem efêmeras, mas que ali também são oportunidades de praticar o amor ao próximo, sem julgamentos ou juízo de valor”, concluiu a desembargadora.
Falar sobre as dores que afligem o emocional é o melhor tratamento para o cuidado de transtornos como ansiedade e depressão, explica a psicóloga do Departamento de Saúde do TJMT, Gisele Castilho.
“Ninguém quer tirar a própria vida, as pessoas em desespero querem dar fim à dor, ao sofrimento, mas não à vida. E o suicídio é o auge da dor, mas antes disso, diversos sinais antecedem o suicídio, como a depressão, o transtorno bipolar e transtornos relacionados ao consumo de álcool e drogas. A maior prevenção é prestar atenção no outro, e observar os sinais. Nós precisamos quebrar tabus, precisamos parar de diminuir ou minimizar a dor ou os sinais dados pelas pessoas. São sinais de que elas estão em sofrimento, na maioria das vezes podem ser sinais pequenos que acabam ignorados. Aos percebermos o menor sinal, devemos nos aproximar, dialogar com essa pessoa, mostrar que estamos sensíveis à dor dela e orientar para que busque a ajuda de um profissional”, frisou Gisele Castilho.
Falar abertamente sobre o assunto é a melhor maneira de aliviar a tensão, e dar espaço para que a pessoa possa se expressar, acalmar a angustia e se sentir acolhida. Estigmas do tipo “quem ameaça não faz”, “quer só chamar a atenção”, “é frescura”, ou, “falar sobre o assunto vai incentivar a cometer o suicídio”, são atitudes que precisam ser rechaçadas e que apenas reforçam sentimentos como vergonha, exclusão e discriminação.
A perda da pessoa também gera graves danos emocionais às famílias, que permanecem fragilizadas e marcadas pela dor da perda, com traumas sociais irreversíveis. Segundo a Associação Internacional de Prevenção ao Suicídio, cada morte por suicídio afeta outras 135 pessoas, que ficam psicologicamente abaladas e traumatizadas. Estima-se ainda, que 25 pessoas próximas da vítima podem tentar se matar ou ter ideias suicidas.

Apesar da maioria dos atendimentos serem prestados por telefone, o voluntário Carlos Eduardo Laterza de Oliveira, explica que este não é o único canal de o ao serviço.
“O telefone é uma forma de viva voz com o outro. Nós percebemos que as pessoas querem falar sobre os seus problemas, se sentem sozinhas, querem ser ouvidas, elas querem se expressar. E apesar de terem pessoas no seu entorno, elas não se sentem seguras para falar sobre seus problemas, e é nesse momento, que o interesse genuíno dos nossos voluntários consegue fazer com elas se abram. Acalentar o coração de quem precisa desabafar, aliviando o acúmulo de sentimentos que trazemos em nós, inclusive sobre possíveis pensamentos suicidas, ofertar apoio, acolhimento, ombro amigo para quem está atravessando momentos de dificuldade, esse é o nosso papel. As pessoas sabem que podem encontrar em um dos nossos canais, um voluntário que vai estar ali com atenção, interesse, de forma respeitosa e sem julgamento, prontos para conversar de forma sigilosa e prontos para auxiliar”.
Além do número de telefone 188, o atendimento também pode ser feito pelo site www.cvv.org.br , por chat e e-mail.
Para ser voluntário é necessário ter a partir de 18 anos e disponibilidade de 4h30 semanais para realizar os atendimentos. O voluntário também precisará participar de reuniões de grupo uma vez por mês e realizar capacitações oferecidas pelo CVV uma vez por ano.
Naiara Martins/Foto: Ednilson Aguiar
Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT
Fonte: Tribunal de Justiça de MT – MT
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